O que é a metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)?
A Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) é uma metodologia ativa em que o estudante aprende a partir de problemas complexos, contextualizados e desafiadores, em vez de começar pelo conteúdo teórico tradicional. O problema vem primeiro; a teoria surge como resposta à necessidade de entender e resolver aquela situação.
Em termos simples, a metodologia ativa PBL:
- coloca o aluno como protagonista da investigação;
- organiza o trabalho em grupos colaborativos;
- usa problemas reais ou verossímeis como ponto de partida;
- exige pesquisa, análise crítica e síntese;
- transforma o professor em mentor e mediador, não apenas expositor.
Como funciona a PBL na prática?

Como a PBL estrutura o protagonismo do estudante?
Na PBL, o processo ocorre em ciclos de investigação:
- O professor apresenta um problema complexo (real ou ficcional, mas sempre conectado ao contexto do aluno).
- Os estudantes, em grupos, levantam dúvidas, conceitos e hipóteses.
- Cada grupo define objetivos de aprendizagem: o que precisam entender para lidar com o problema.
- Vêm as etapas de pesquisa, análise, discussão e síntese.
- O ciclo se fecha com a apresentação das soluções e a reflexão sobre o que foi aprendido.
Esse caminho faz com que o aluno:
- planeje seus estudos;
- tome decisões em grupo;
- articule teoria e prática;
- desenvolva autonomia intelectual.
Como os grupos de aprendizagem funcionam na PBL?
Os grupos são, em geral:
- heterogêneos, com perfis, ritmos e experiências diferentes;
- responsáveis por definir papéis, dividir tarefas e organizar o fluxo de trabalho;
- incentivados a produzir resultados concretos, como relatórios, protótipos, mapas mentais, podcasts, painéis ou apresentações orais.
Ao longo do processo, o grupo:
- define objetivos de aprendizagem;
- seleciona fontes confiáveis;
- registra dados e reflexões;
- avalia o próprio desempenho.
Qual é o papel do professor nesse processo?
Na PBL, o professor:
- acompanha o grupo como mentor, não como “dono da resposta”;
- intervém com perguntas desafiadoras em vez de entregas prontas;
- ajuda a manter o foco no problema e na qualidade da investigação;
- garante a participação equilibrada de todos os estudantes.
Recursos digitais podem apoiar essa mediação, como:
- Padlet, Jamboard ou Miro para mapas visuais;
- Google Drive/Docs para produção colaborativa;
- Canva para sínteses visuais;
- Trello ou Notion para organização de tarefas e cronogramas.
A PBL pode ser combinada com outras metodologias ativas?
Sim. A PBL ganha força quando combinada com:
- Sala de aula invertida: o estudante acessa conteúdos teóricos antes da aula (vídeos, textos, podcasts) e utiliza o tempo presencial para resolver problemas.
- Design Thinking: os problemas são trabalhados com foco em empatia, ideação e prototipagem, aproximando a PBL de uma lógica de inovação.
Essa combinação torna a aprendizagem:
- mais profunda;
- mais conectada à realidade;
- mais coerente com a formação para o século XXI.
🔍 Quais são os 7 passos da PBL?
Use este passo a passo para planejar uma sequência de Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) de forma clara e replicável. Clique em cada etapa para ver o que trabalhar com a turma.
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1. Leitura e compreensão do problema
Apresente o enunciado e faça uma leitura coletiva. Peça aos alunos que grifem termos importantes, perguntem o que não entenderam e descrevam o contexto com as próprias palavras.
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2. Identificação dos conceitos-chave
Liste, com a turma, os conceitos, temas e conteúdos relacionados ao problema. Use quadro, mapa mental ou mural digital para organizar o que a turma já sabe e o que ainda precisa aprender.
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3. Definição do problema central (pergunta-problema)
Conduza o grupo para formular uma pergunta-problema clara e desafiadora, que oriente toda a investigação. Ela deve estar ligada aos objetivos da disciplina e fazer sentido para o contexto dos alunos.
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4. Levantamento de hipóteses
Peça aos estudantes que proponham possíveis explicações ou soluções para o problema. Registre todas as hipóteses, depois ajude o grupo a selecionar as mais coerentes para investigar com profundidade.
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5. Planejamento da investigação
Com as hipóteses em mãos, defina com a turma o plano de pesquisa: quais serão os objetivos de aprendizagem, que fontes serão consultadas, como as tarefas serão divididas e qual será o cronograma.
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6. Pesquisa, coleta e análise de dados
Os grupos investigam em artigos, livros, vídeos, entrevistas, dados oficiais e outras fontes. Em seguida, comparam as informações e analisam se elas confirmam, reformulam ou refutam as hipóteses iniciais.
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7. Síntese e apresentação das soluções
O grupo organiza uma síntese do que aprendeu e apresenta as soluções em formatos variados: seminário, painel, infográfico, protótipo, vídeo, podcast ou relatório. Finalize com uma roda de reflexão sobre o processo.
💡 Dica prática: use este box como roteiro de planejamento e também como guia visual para os alunos acompanharem em cada projeto baseado em problemas.
Os 7 passos da PBL com objetivos e atividades
| Passo do PBL | Objetivo pedagógico | Atividades correspondentes |
|---|---|---|
| 1. Leitura do problema | Compreender o enunciado, o contexto e as palavras-chave | Leitura coletiva, grifos, comentários dos alunos, esclarecimento de dúvidas, reescrita do problema com outras palavras |
| 2. Identificação de conceitos | Ativar conhecimentos prévios e mapear saberes relacionados ao tema | Brainstorming, mapas mentais, organização de ideias em quadro ou ferramenta digital |
| 3. Definição do problema (pergunta) | Formular uma pergunta-problema clara, desafiadora e investigável | Redação coletiva da pergunta, validação pelo grupo e pelo professor, ajustes de foco |
| 4. Levantamento de hipóteses | Desenvolver pensamento crítico e antecipar possíveis explicações ou soluções | Discussão em grupo, registro das hipóteses, seleção das mais coerentes e viáveis |
| 5. Planejamento da pesquisa | Definir estratégias para investigar o problema e organizar o cronograma | Elaboração do plano de pesquisa, divisão de tarefas, escolha de fontes confiáveis |
| 6. Coleta de dados e análise | Investigar, interpretar dados e validar ou refutar hipóteses | Pesquisa em livros, artigos, vídeos, entrevistas, bases de dados; debates e fichamentos |
| 7. Apresentação e síntese das soluções | Comunicar resultados e integrar o conhecimento construído | Produção de slides, painéis, relatórios, vídeos, protótipos, mapas visuais e roda de reflexão final |
Quais metodologias ativas se relacionam com a PBL?

Como comparar PBL, TBL, Estudo de Caso e Design Thinking?
A Aprendizagem Baseada em Problemas faz parte de um conjunto maior de metodologias ativas centradas no estudante. Entre as mais próximas estão:
- TBL (Team-Based Learning)
- Estudo de Caso
- Design Thinking
- Sala de Aula Invertida
Todas:
- usam situações desafiadoras;
- valorizam a participação ativa do aluno;
- apostam na colaboração e na reflexão.
Mas há diferenças importantes entre elas.
Comparativo entre PBL, TBL, Estudo de Caso e Design Thinking
| Critério | PBL (Problem-Based Learning) | TBL (Team-Based Learning) | Estudo de Caso | Design Thinking |
|---|---|---|---|---|
| Foco | Resolução de problemas abertos e contextualizados | Aplicação de conteúdos já estudados em tarefas em equipe | Análise de situações reais ou simuladas | Criação de soluções inovadoras centradas no usuário |
| Estrutura | Segue etapas investigativas (como os 7 passos da PBL) | Etapas fixas com teste individual, trabalho em grupo e feedback | Baseada em narrativas, documentos e evidências | Etapas iterativas: empatia, definição, ideação, prototipagem, teste |
| Papel do aluno | Investigador, protagonista da busca por soluções | Colaborador ativo, com responsabilidade individual e coletiva | Analista crítico, leitor de contextos complexos | “Designer” criativo, solucionador de desafios |
| Tipo de avaliação | Formativa, processual, com rubricas, portfólio e devolutivas contínuas | Individual e em grupo, incluindo peer review e testes de prontidão | Debate, relatórios, participação e defesa de argumentos | Avaliação contínua com base em protótipos, iterações e feedback de usuários |
| Aplicabilidade | Ensino médio, técnico, superior e projetos interdisciplinares | Disciplinas conteudistas que precisam de reforço aplicado | Cursos de Direito, Administração, Saúde, Humanas, Negócios | Projetos de inovação, STEAM e cultura maker |
Como aplicar a metodologia ativa PBL em sala de aula?

Quais passos o professor pode seguir do planejamento ao engajamento?
Para aplicar a Aprendizagem Baseada em Problemas em sala, o professor pode seguir três grandes movimentos:
- Planejar o problema
- Organizar os grupos e o processo investigativo
- Avaliar o percurso e não apenas o produto final
1. Como planejar bons problemas para PBL?
Um bom problema na PBL deve ser:
- autêntico – conectado à realidade dos estudantes;
- interdisciplinar – mobilizando diferentes áreas do conhecimento;
- complexo – sem resposta óbvia ou imediata;
- relevante – ligado a questões sociais, ambientais, éticas ou tecnológicas.
Exemplo em Ciências:
“Como garantir acesso à água potável em comunidades isoladas utilizando soluções sustentáveis?”
Esse tipo de problema:
- mobiliza Biologia, Química, Geografia, Matemática e Cidadania;
- exige pesquisa e tomada de decisão;
- instiga a pensar em tecnologia, políticas públicas e sustentabilidade.
2. Como organizar grupos de aprendizagem em PBL?
- formar grupos diversos em gênero, perfil, desempenho e interesses;
- definir regras de convivência e papéis (mediador, relator, pesquisador, porta-voz);
- usar ferramentas como Google Docs, Padlet, Miro, Slack ou Microsoft Teams para facilitar a colaboração, especialmente em ensino híbrido.
3. Como avaliar na PBL?
A avaliação na PBL precisa ser:
- formativa – acompanha o processo e não apenas o produto;
- multidimensional – considera pesquisa, colaboração, argumentação, criatividade;
- reflexiva – inclui autoavaliação e coavaliação.
Instrumentos possíveis:
- rubricas de desempenho;
- portfólios de aprendizagem;
- registros reflexivos;
- feedbacks orais e escritos em diferentes momentos do projeto.
🌐 Ferramentas digitais para organizar e dar visibilidade ao PBL
Use estes aplicativos para planejar, registrar e apresentar cada etapa da Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) com os estudantes.
- ✅ Canva – criação de infográficos, mapas mentais, pôsteres, slides e protótipos visuais para socializar as soluções.
- ✅ Google Forms – coleta de dados em pesquisas, enquetes com a turma e questionários diagnósticos ou avaliativos.
- ✅ Mentimeter – criação de nuvens de palavras, votações ao vivo e feedback instantâneo durante as discussões de cada problema.
- ✅ Notion ou Trello – organização de tarefas, cronogramas, registros de pesquisa e acompanhamento das etapas da investigação.
💡 Dica: peça para cada grupo escolher ao menos uma ferramenta de organização (Notion/Trello) e uma ferramenta de apresentação visual (Canva) para todo projeto PBL.
Quais são os benefícios da Aprendizagem Baseada em Problemas?
Os principais benefícios da metodologia ativa PBL incluem:
Lista dos benefícios
| Categoria | Benefícios |
|---|---|
| Aprendizagem significativa | • Compreensão prática do conteúdo • Conexão com a vida real • Transferência para novas situações |
| Pensamento crítico e autonomia | • Formulação de perguntas • Questionamento de fontes • Tomada de decisões com base em evidências |
| Engajamento e motivação | • Problemas reais despertam interesse • Senso de propósito • Pertencimento ao grupo |
| Habilidades socioemocionais | • Empatia, escuta, liderança • Responsabilidade coletiva • Colaboração e não competição |
| Interdisciplinaridade | • Integra conhecimento de várias áreas • Visão sistêmica • Alinhado à BNCC |
Qual é o papel do professor na Aprendizagem Baseada em Problemas?
Como o docente se reinventa na metodologia ativa PBL?
Na PBL, o professor precisa:
- deixar de ser apenas transmissor de conteúdo;
- atuar como facilitador, mediador e designer de experiências de aprendizagem.
Suas principais funções incluem:
- mediar o diálogo – intervindo com perguntas e não com respostas prontas;
- curar problemas relevantes – selecionar ou criar situações-problema autênticas;
- monitorar as interações – ajudar o grupo a lidar com conflitos e decisões;
- planejar a avaliação – criar instrumentos coerentes com o espírito investigativo da PBL.
Isso exige:
- atualização constante;
- leitura do contexto social e escolar;
- escuta sensível dos interesses e necessidades da turma.
Qual a diferença entre Metodologia de Problematização e PBL?
Como diferenciar duas abordagens investigativas do aprender?
Embora ambas partam de problemas, Metodologia de Problematização e PBL têm diferenças marcantes:
- Metodologia de Problematização
- inspirada em Paulo Freire e na pedagogia crítica;
- o problema nasce da realidade vivida pelo aluno;
- foco em consciência crítica, transformação social e engajamento político.
- Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)
- originada na Educação Médica (McMaster University);
- usa problemas simulados, técnicos ou estruturados pelo professor;
- foco em competências cognitivas, profissionais e acadêmicas.
Problematização x PBL
| Critério | Problematização (Paulo Freire) | PBL (Problem-Based Learning) |
|---|---|---|
| Origem | Pedagogia crítica, educação libertadora | Educação Médica (McMaster University), depois expandida para outras áreas |
| Tipo de problema | Real, vivido, social, emergente da realidade dos estudantes | Simulado, técnico, estruturado previamente pelo professor |
| Foco pedagógico | Consciência crítica e transformação social | Desenvolvimento de competências cognitivas, acadêmicas e profissionais |
| Papel do aluno | Sujeito histórico, agente transformador da própria realidade | Investigador ativo, protagonista na busca de soluções |
| Papel do professor | Intelectual crítico, mediador dialógico, problematizador da realidade | Facilitador do processo, organizador de grupos, mentor da investigação |
| Forma de avaliação | Reflexiva, crítica, ligada à ação e à práxis | Formativa, processual, com ênfase em investigação, colaboração e apresentação |
| Contexto de aplicação | Projetos de leitura de mundo, contextos comunitários e sociais | Cursos técnicos, superiores, ensino médio e projetos baseados em problemas |
Como a PBL transforma a prática docente e o futuro da educação?

A Aprendizagem Baseada em Problemas não é apenas uma técnica diferente de dar aula; é uma mudança de paradigma:
- desloca o foco da transmissão de conteúdo para a construção ativa do conhecimento;
- valoriza a autonomia, a colaboração e a investigação;
- responde às demandas da Educação 4.0 e 5.0, das competências socioemocionais e do uso crítico das tecnologias.
Ao adotar a PBL, a escola:
- aproxima o currículo da vida real;
- estimula o protagonismo estudantil;
- fortalece o papel do professor como agente de inspiração e não apenas de explicação.
FAQ – Perguntas frequentes sobre Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)
O que é a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL)?
É uma metodologia ativa centrada no aluno em que o aprendizado começa a partir de problemas complexos e contextualizados, que exigem pesquisa, discussão em grupo e construção colaborativa de soluções.
Quais são os 7 passos da PBL?
Leitura do problema, identificação de conceitos, definição da pergunta-problema, levantamento de hipóteses, planejamento da pesquisa, coleta/análise de dados e apresentação/síntese das soluções.
Como aplicar a PBL em sala de aula?
Selecionando problemas relevantes, formando grupos de aprendizagem, orientando a investigação com mediação ativa, usando ferramentas digitais e avaliando o processo de forma formativa.
Qual a diferença entre PBL e Metodologia de Problematização?
A problematização nasce da realidade vivida e foca na transformação social; a PBL trabalha com problemas estruturados e foca no desenvolvimento de competências acadêmicas e profissionais.
A PBL funciona para todas as idades?
Sim, desde que os problemas, a linguagem e o grau de complexidade sejam adaptados ao nível cognitivo e ao contexto dos estudantes, da educação básica ao ensino superior.
📚 Indicações de Leitura para Aprofundar Seu Conhecimento
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Eduardo Barros é editor-chefe do Tecmaker, Pós-Graduado em Cultura Maker e Mestre em Tecnologias Educacionais. Com experiência de mais de 10 anos no setor, sua análise foca em desmistificar inovações e fornecer avaliações técnicas e projetos práticos com base na credibilidade acadêmica.

























