O PL 3435/24 propõe o uso de reconhecimento facial e verificação de identidade digital no cadastro de usuários em redes sociais.
O texto ainda tramita na Câmara dos Deputados e não virou lei.
A proposta busca reduzir fraudes e contas falsas, mas também abre debate sobre privacidade e vigilância digital.

O Que Está Acontecendo?
O deputado Jorge Goetten (PL-SC) apresentou o Projeto de Lei 3435/24, que altera o Marco Civil da Internet e incentiva as plataformas a implementar verificação facial e checagem de identidade nos novos cadastros.
A Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados já aprovou o texto como medida para conter perfis falsos, robôs automatizados e golpes online.
O projeto segue agora para análise em outras comissões técnicas, onde especialistas avaliam impactos éticos e tecnológicos.
O Que o Projeto Prevê?
O texto aprovado contém cinco pontos centrais:
| Aspecto | Descrição resumida |
|---|---|
| 1️⃣ Cadastro digital verificado | Plataformas deverão autenticar a identidade do usuário por reconhecimento facial ou documento válido. |
| 2️⃣ Preferência, não obrigatoriedade imediata | A tecnologia deve ser usada preferencialmente, e não como requisito absoluto. |
| 3️⃣ Aplicação gradual | Valerá inicialmente para novos cadastros, não afetando usuários atuais. |
| 4️⃣ Proteção de dados | Dados biométricos deverão seguir a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). |
| 5️⃣ Fiscalização e sanções | O descumprimento pode levar a multas ou bloqueios de serviços reincidentes. |
O Projeto Já Está Valendo?
Não.
A proposta ainda não virou lei e continua em tramitação no Congresso Nacional.
Para entrar em vigor, o PL precisa:
- Passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ);
- Seguir para o Plenário da Câmara;
- Receber análise do Senado Federal;
- Ser sancionado pela Presidência da República.
Enquanto isso, o tema alimenta um debate essencial sobre identidade, segurança e privacidade digital no país.
Como o Reconhecimento Facial Afeta o Acesso às Redes

Se o Congresso aprovar o texto, as plataformas poderão exigir uma etapa de autenticação facial ou a validação de documentos oficiais ao criar contas.
Essa mudança impacta o uso das redes de várias formas:
- 🔒 Aumenta a segurança ao dificultar a criação de perfis falsos;
- 🚫 Reduz o anonimato online, o que pode coibir ataques virtuais;
- 📈 Eleva o custo tecnológico para plataformas pequenas;
- ⚠️ Amplia a coleta de dados biométricos, exigindo vigilância ética e técnica.
A medida busca equilibrar autenticidade digital e liberdade individual — um desafio que cresce à medida que a inteligência artificial multiplica perfis falsos.
Segurança Digital e Privacidade: Um Equilíbrio Delicado
O debate sobre reconhecimento facial nas redes sociais envolve duas forças opostas: segurança e privacidade.
✅ Defensores afirmam que:
- A biometria aumenta a confiança digital e dificulta fraudes;
- A verificação facial ajuda a rastrear atividades criminosas;
- A tecnologia reduz o número de bots e manipulações em massa.
⚠️ Críticos argumentam que:
- O uso de dados biométricos pode gerar vazamentos graves;
- Algoritmos de reconhecimento facial ainda exibem viés racial e de gênero;
- A exigência tecnológica pode excluir cidadãos com menos recursos digitais.
Impacto Internacional e Tendências
Vários países testam medidas semelhantes:
| País | Medida | Situação |
|---|---|---|
| China | Acesso com reconhecimento facial obrigatório em várias plataformas | Em vigor |
| União Europeia | Proibição de reconhecimento facial em espaços públicos, mas autorizado para autenticação online | Regulamentado |
| Brasil (projeto PL 3435/24) | Uso preferencial de reconhecimento facial no cadastro digital | Em tramitação |
O reconhecimento facial nas redes sociais simboliza mais do que um debate legislativo: ele representa o limite entre a segurança e a privacidade na era da IA.
O Brasil, ao discutir o PL 3435/24, se posiciona entre dois caminhos — proteger a integridade digital dos usuários e preservar a liberdade individual.
A inovação exige vigilância ética.
Progresso real acontece quando a tecnologia empodera o cidadão, e não quando o vigia.
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❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
1. O reconhecimento facial já virou lei no Brasil?
Não. O projeto continua em tramitação e ainda não possui efeito prático.
2. O PL 3435/24 obriga o uso facial em todas as redes sociais?
Não. Ele apenas recomenda o uso preferencial da tecnologia para novos cadastros.
3. Quem propõe o projeto?
O deputado Jorge Goetten (PL-SC) lidera a proposta.
4. Quais plataformas podem adotar o sistema?
Redes como Instagram, Facebook, TikTok, X (Twitter) e mensageiros como WhatsApp e Telegram poderão aplicar o modelo.
5. O projeto ameaça a privacidade dos usuários?
Sim. Ele amplia o uso de dados biométricos e exige políticas robustas conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Entre o Progresso e a Privacidade: o Rosto do Futuro Digital
O reconhecimento facial nas redes sociais não é apenas uma questão técnica — é o retrato do nosso tempo.
O Brasil se encontra diante de uma escolha decisiva: usar a tecnologia para proteger ou para controlar.
Cada rosto escaneado carrega mais do que pixels; carrega identidade, liberdade e confiança.
A inovação só faz sentido quando humaniza o digital, e não quando aprisiona o humano em dados biométricos.
Se a inteligência artificial nos observa, que ela também aprenda a nos respeitar.
O futuro das redes não será apenas conectado — será ético, transparente e verdadeiramente humano.

Eduardo Barros é editor-chefe do Tecmaker, Pós-Graduado em Cultura Maker e Mestre em Tecnologias Educacionais. Com experiência de mais de 10 anos no setor, sua análise foca em desmistificar inovações e fornecer avaliações técnicas e projetos práticos com base na credibilidade acadêmica.

























