O que mudou entre “nós” e “nossos pais” — e por que isso dói?
A geração que cresceu entre o fim dos anos 70 e 90 viveu a passagem do mundo de rua para o mundo conectado. Hoje sentimos o descompasso: não vivemos como nossos pais — trocamos autonomia de bairro por notificações, vínculos locais por feeds e o silêncio por telas. Daí a nostalgia, o cansaço digital e a busca por equilíbrio.
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Autonomia vs. vigilância: antes, ir à escola e brincar na rua eram rotinas; hoje, logística e medo moldam a infância.
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Tempo contínuo vs. tempo fragmentado: o “agora” virou notificações em série; a atenção vive em disputa.
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Comunidade física vs. comunidade algorítmica: saímos da praça para a timeline — vínculos mudaram de lugar e de ritmo.
Uma reflexão sobre memória, tecnologia e identidade — inspirada em “Como Nossos Pais”, de Elis Regina
🧠 Você ainda vive como seus pais?
Responda 5 perguntas e descubra se você é mais analógico, equilibrado ou totalmente digital.
1) Quando pensa na sua infância, o que mais lembra?
2) Como você lida com o tempo livre?
3) As crianças de hoje…
4) Quando algo preocupa, o que faz primeiro?
5) O que é “viver bem” pra você?
Vivemos o que nossos pais sonharam — mas perdemos o que eles tinham
Há uma frase de Belchior, eternizada pela voz de Elis Regina, que ecoa ainda hoje:
“Apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”
Mas quem nasceu entre os anos 70 e 80 carrega uma dor oposta.
Nós não vivemos mais como os nossos pais — e talvez nunca mais viveremos.
Essa geração, que aprendeu a consertar a antena da TV antes de mudar o canal,
que esperava o domingo para telefonar e o sábado para ver os amigos,
cresceu acreditando que o futuro seria uma versão melhor do presente.
E ele chegou — mas nos custou a simplicidade.
🎧 Nunca Mais Seremos Como Nossos Pais — Versão TecMaker
Uma releitura poética e tecnológica inspirada no clássico de Belchior, imortalizado por Elis Regina.
A geração que atravessou o espelho da tecnologia

Quem nasceu no fim dos anos 70, 80 e início dos 90 viu o mundo analógico desbotar aos poucos,
como uma fotografia guardada por tempo demais.
Somos a geração ponte: vivemos o bastante sem internet para lembrar o silêncio das ruas,
mas cedo demais conectados para desligar de vez o wi-fi da alma.
Fomos crianças que brincavam de bola na rua, empinavam pipa, trocavam figurinhas,
e hoje conversamos com inteligências artificiais sobre a falta de tempo e o medo do amanhã.
Antes, havia tempo para o tédio.
Hoje, há um vazio mesmo quando tudo está cheio.
A tecnologia nos aproximou do mundo, mas nos afastou da essência.
As gincanas, os portões abertos e a confiança perdida
Antes, as escolas abriam seus portões para as gincanas de bairro.
As crianças saíam sozinhas para recolher alimentos, brinquedos ou papel reciclável,
e voltavam com o rosto suado e o coração leve.
A rua era extensão da casa.
O medo, exceção.
Hoje, o medo é rotina.
Vivemos trancados entre senhas, alarmes e firewalls emocionais.
A infância livre virou arquivo de lembrança, e as novas gerações crescem em apartamentos inteligentes,
mas emocionalmente confinadas.
Talvez a violência não tenha crescido tanto — talvez tenhamos desaprendido a confiar.
Burnout, ansiedade e o colapso da geração intermediária
Somos a geração que aprendeu a se virar sozinha, mas que nunca mais conseguiu descansar.
Carregamos síndromes modernas que nossos pais jamais nomearam:
burnout, pânico, exaustão digital.
Vivemos cansados, mesmo quando não fizemos esforço físico algum.
Nossos pais dormiam com a cabeça leve depois de um dia de trabalho.
Nós adormecemos rolando o feed, pensando em contas, notificações e metas inalcançáveis.
Eles descansavam.
Nós pausamos, mas não desligamos.
A canção continua — mas a melodia mudou
Se Elis Regina cantasse hoje, talvez dissesse:
“Apesar de termos feito tudo o que fizemos, nunca mais seremos como nossos pais.”
Porque o tempo correu mais rápido do que o coração acompanhou.
E mesmo com toda a tecnologia que nos cerca — celulares inteligentes, casas automatizadas,
robôs domésticos e assistentes virtuais — ainda há algo que não conseguimos programar:
a leveza de existir.
Nós, filhos da transição, fomos os últimos a saber o que é esperar uma carta,
e os primeiros a escrever com os dedos no vidro.
Entre o vinil e o algoritmo, viramos memória viva de um tempo que não volta.
E agora?
Talvez o desafio da nossa geração não seja reviver o passado,
mas reaprender a sentir no presente. Fazer as pazes com a tecnologia, sem deixar que ela nos roube a humanidade. Ensinar às novas gerações que a vida não é só conexão — é convivência. E que ainda dá tempo de voltar a brincar, mesmo que seja de outra forma.
Porque viver como os nossos pais talvez seja impossível.
Mas viver com o mesmo amor — ainda é escolha.
Entre Gerações: Do Vinil ao Algoritmo, o Tempo Acelerou Demais
Cada época tem o seu ritmo — e nós, que nascemos entre o fim dos anos 70 e a década de 80, fomos criados num compasso analógico e estamos tentando sobreviver em um mundo digital.
Somos filhos da Geração X tardia e pais (ou irmãos mais velhos) da Geração Z.
Crescemos no intervalo entre o chiado do vinil e o som do toque de notificação.
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Geração X: A última infância livre

A Geração X viveu o auge da rua, do convívio e da espera. Era a geração dos bilhetes escritos à mão, do bar da esquina, da vizinhança que se conhecia pelo nome.Seus pais trabalhavam duro, mas havia tempo para conversar na calçada.
A estabilidade era um valor — e a paciência, uma virtude. Essas pessoas cresceram acreditando em um mundo previsível. E quando a revolução tecnológica chegou, adaptaram-se sem perder o vínculo com o real. Guardam ainda hoje o cheiro das revistas, o barulho da vitrola e o som dos passos de quem voltava para casa ao entardecer.
Geração Y (Millennials): O salto entre o analógico e o digital
A Geração Y, ou Millennial, é o elo vivo entre dois mundos. Foi a primeira a ter computadores em casa, a descobrir o Orkut, o MSN e o YouTube, mas também a última a viver a infância sem tela. Essa geração aprendeu a escrever com lápis e a digitar no teclado, a rebobinar fitas e a fazer upload. Crescemos acreditando que poderíamos ser tudo.
Mas no esforço de acompanhar a velocidade da inovação, aprendemos a correr antes de aprender a parar. É a geração que sente falta do tédio — porque o tédio era o espaço onde nascia a criatividade.
“Nós somos a geração que viu a internet nascer — e também aquela que não consegue mais desligá-la.”
Geração Ponte: Entre o toque humano e o toque da tela
Entre essas duas gerações existe uma camada híbrida — a Geração Ponte ou Analógico-Digital. Pessoas que cresceram brincando de bola, mas hoje pedem à Alexa para tocar Elis Regina. Sabem consertar uma antena e configurar o Wi-Fi. Sabem o valor do silêncio, mas vivem cercadas de notificações.
A tecnologia nos deu velocidade, mas também nos tirou o ritmo. Transformou o tédio em ansiedade, a pausa em desconforto e a convivência em conexão. E, entre tantos upgrades, esquecemos o que é viver com lentidão — sem medo de ficar para trás.
Geração Alpha: Filhos da automação
As crianças de hoje nasceram com telas como extensão do corpo. Crescem cercadas de sensores, assistentes virtuais e casas inteligentes. Enquanto aprendem a falar, já sabem deslizar o dedo no tablet. São nativos digitais — mas talvez estrangeiros da experiência real.
Essa geração pode nunca saber o que é correr para casa antes do escurecer, ou esperar o desenho começar na TV. E, nesse contraste, percebemos nossa própria saudade: a de uma era em que viver não precisava ser transmitido.
Enquanto nossos pais viviam o tempo, nós tentamos vencê-lo.
Perguntas frequentes
O que significa não vivermos mais como nossos pais?
Significa que perdemos a continuidade do tempo analógico. Nossos pais repetiram padrões familiares, rituais e ritmos de convivência. Já nós vivemos uma ruptura: a tecnologia mudou a forma como trabalhamos, amamos e educamos — sem manual herdado.
Como a tecnologia alterou o modo de ser das gerações dos anos 80 e 90?
Essas gerações aprenderam a viver no intervalo entre o real e o virtual. Brincaram na rua e, mais tarde, aprenderam a programar, acessar a internet e enviar e-mails. A tecnologia trouxe possibilidades, mas também ansiedade e desconexão emocional.
Por que sentimos tanta saudade da infância sem tela?
Porque naquela época o tempo tinha corpo e cheiro. As relações eram tangíveis, os encontros eram lentos e a espera fazia parte da experiência. Hoje vivemos em fluxo constante — e o cérebro busca o mesmo sossego que a infância oferecia naturalmente.
Como equilibrar o uso da tecnologia sem perder nossa essência?
O equilíbrio vem do uso consciente. Não se trata de rejeitar o digital, mas de cultivar pausas, caminhadas, conversas e silêncio. A convivência real ainda é o melhor antídoto para o cansaço tecnológico.
O que a nova geração pode aprender com a anterior?
Que a vida não cabe em notificações. Que o tempo não se repete, mas pode ser respeitado. E que viver “como nossos pais” talvez signifique apenas viver com presença, com menos pressa e mais verdade.

Eduardo Barros é editor-chefe do Tecmaker, Pós-Graduado em Cultura Maker e Mestre em Tecnologias Educacionais. Com experiência de mais de 10 anos no setor, sua análise foca em desmistificar inovações e fornecer avaliações técnicas e projetos práticos com base na credibilidade acadêmica.

























