Em 21 de outubro de 2025, o Minor Planet Center (IAU) publicou o boletim MPEC 2025-UE2, intitulado “3I/ATLAS (C/2025 N1): Observation and Call for Coordinated Follow-Up Campaign.” O comunicado convoca astrônomos profissionais e amadores a iniciarem, a partir de novembro, uma campanha global para acompanhar o cometa interestelar 3I/ATLAS após o periélio em 29 de outubro de 2025.
Fontes oficiais:
🔗 NASA CNEOS – 3I/ATLAS Overview (periélio ~30/10/2025; sem risco para a Terra)
🛰️ O vídeo que levantou a dúvida: falha ou divulgação proposital?
Um post publicado no Instagram questionou se o boletim MPEC 2025-UE2 , do Minor Planet Center, teria sido divulgado por engano ao público ou se a abertura de dados sobre o cometa 3I/ATLAS foi intencional.
O registro, publicado pelo perfil @curiosidades_da_ufologia, menciona o ineditismo do documento — que convoca observadores amadores e profissionais para uma campanha global de acompanhamento do objeto a partir de novembro de 2025. A dúvida expressa é direta: “Foi uma falha deixando aberto para todos, ou foi proposital?”
O boletim do MPC foi realmente publicado em e está disponível no site oficial da International Astronomical Union (IAU). O texto, porém, não indica nenhum erro de acesso: ele faz parte dos relatórios públicos da série MPEC, que são tradicionalmente abertos a observatórios e pesquisadores.
Em outras palavras, não houve vazamento. O que o vídeo trouxe à tona foi o fato de o relatório ter sido percebido rapidamente nas redes sociais — antes mesmo de ser interpretado em portais científicos. Essa exposição antecipada gerou especulações sobre transparência e defesa planetária, em meio ao crescente interesse público sobre o 3I/ATLAS.
O Minor Planet Center confirma que esses boletins são publicados de forma pública desde a década de 1990, com o objetivo de estimular colaboração entre cientistas e observadores independentes. A coincidência com o anúncio da NASA Planetary Defense Coordination Office reforçou a sensação de sincronia entre os eventos — mas, até o momento, não há indício de que a divulgação tenha sido intencionalmente “vazada”.
Assim, o episódio reflete mais o impacto da circulação de informações científicas nas redes sociais do que um segredo revelado. O fato de o público ter acesso direto ao documento apenas mostra que a ciência aberta está cada vez mais presente até em temas sensíveis, como objetos próximos à Terra.
O que o documento realmente diz
- O 3I/ATLAS (C/2025 N1) é um cometa interestelar confirmado (terceiro da história recente).
- O periélio ocorre no fim de outubro/2025 (~29–30/10), a cerca de 1,4 UA do Sol — não é um objeto perigoso para a Terra.
- O MPEC convoca follow-up coordenado a partir de novembro/2025 para medir brilho, atividade (jatos/coma), composição e evolução dinâmica pós-periélio.
Importante: o MPEC descreve mobilização científica — não é alerta de risco. A própria NASA registra que o 3I/ATLAS “não representa ameaça à Terra”.
🧭 Tabela — Principais Datas do Cometa 3I/ATLAS (C/2025 N1)
Evento Data Estimada Descrição Descoberta oficial 1º de julho de 2025 Detectado pela rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), no Havaí. Classificado como o terceiro objeto interestelar já observado. Confirmação de origem interestelar Agosto de 2025 Após cálculos orbitais, a IAU/MPC confirmou excentricidade > 1, indicando trajetória hiperbólica e origem fora do Sistema Solar. Periélio (ponto mais próximo do Sol) 29–30 de outubro de 2025 Momento de máxima aproximação (~1,4 UA do Sol). Início da fase de aquecimento e intensa liberação de gases e poeira. Campanha internacional de observação A partir de novembro de 2025 Convocação do MPEC 2025-UE2 para coleta coordenada de dados pós-periélio por observatórios e astrônomos amadores. Reemergência pós-conjunção solar Dezembro de 2025 – janeiro de 2026 O cometa volta a ser observável a partir do hemisfério norte, com possível atividade residual e cauda alongada visível em longas exposições. Pico de atividade prevista Janeiro de 2026 Maior liberação de material volátil detectável por espectroscopia; fase de decaimento gradual antes de retornar ao espaço interestelar. Saída do Sistema Solar interno Entre março e abril de 2026 O objeto cruza a órbita de Marte e segue trajetória de escape. Observações de longo alcance deverão monitorar a dissipação final da coma. 🔗 Fontes: NASA CNEOS – 3I/ATLAS Overview | Minor Planet Center – MPEC 2025-UE2
Significado e impacto da convocação
- Raridade científica: é apenas o 3º visitante interestelar observado (depois de 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov).
- Janela de ouro: observar o comportamento pós-periélio permite comparar materiais “de fora” com cometas do Sistema Solar.
- Cooperação global: IAU/MPC, redes de pesquisa e amadores fortalecem bancos de dados e métodos de acompanhamento.
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Perguntas e respostas
O que é o 3I/ATLAS?
Um cometa interestelar (C/2025 N1) detectado em 1º/07/2025 pelo projeto ATLAS; é o terceiro objeto desse tipo já observado.
Quando ocorre o periélio?
29–30 de outubro de 2025 (variação conforme efemérides). Distância ~1,4 UA do Sol.
Por que a campanha global foi convocada?
Para medir atividade pós-periélio, brilho, jatos/coma, poeira/gás, e refinar modelos dinâmicos da órbita não-ligada (interestelar).
O que os cientistas esperam descobrir?
Composição (gases/poeiras), evolução após aquecimento solar, possíveis fragmentações e comparações químicas com cometas locais.
Como participar ou acompanhar observações?
Acompanhe efemérides no NASA CNEOS e dados oficiais no MPC; comunidades de amadores podem contribuir com imagens calibradas e fotometria a partir de novembro/2025.
Há “ativação” de defesa planetária por causa do 3I/ATLAS?
Não. Relatos de “ativação” derivam de interpretações midiáticas e exercícios de rotina. A fonte oficial da NASA reforça que o cometa não oferece risco à Terra.
🌍 Repercussão nas redes: o post que chamou atenção para o 3I/ATLAS
Um post recente publicado no Instagram levantou discussões sobre a convocação global de astrônomos para a campanha de observação do cometa interestelar 3I/ATLAS e a suposta “ativação da defesa planetária” da NASA. A seguir, você confere o post original e uma análise baseada em fontes oficiais, como o Minor Planet Center (MPEC 2025-UE2) e o NASA CNEOS.
🔎 O que o post diz vs. o que está confirmado
- O post afirma: que o 3I/ATLAS pode representar risco para a Terra.
Fato verificado: não há indicação de rota de colisão. A NASA classifica o objeto como interestelar não perigoso com trajetória de passagem segura. - O post cita: uma “ativação emergencial da defesa planetária”.
Fato verificado: o anúncio oficial da NASA refere-se apenas a testes de protocolos de monitoramento, parte do programa DART/PDDO (Planetary Defense Coordination Office). - O post menciona: uma “data-limite” em 29 de outubro de 2025.
Fato verificado: trata-se do periélio — o ponto de maior aproximação do cometa ao Sol, evento puramente astronômico e monitorado por observatórios do mundo todo.
📡 Contexto adicional
O boletim MPEC 2025-UE2, publicado em , convocou uma campanha internacional de observação a partir de novembro. O objetivo é registrar a evolução do cometa após o periélio e coletar dados sobre sua composição e origem fora do Sistema Solar.
A NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia) mantêm atualizações regulares em seus painéis públicos — nenhum alerta de impacto foi emitido. A colaboração entre instituições faz parte de protocolos de pesquisa, não de emergência.
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Ver post no InstagramEntre a ciência, o sensacionalismo e a desinformação
O episódio envolvendo o cometa interestelar 3I/ATLAS e o boletim oficial do Minor Planet Center (MPEC 2025-UE2) demonstra como a fronteira entre a ciência e a opinião pública tornou-se mais permeável na era digital. O que originalmente era um comunicado técnico para a comunidade astronômica passou a circular nas redes como suposta revelação sigilosa, reacendendo o interesse — e a desconfiança — sobre temas ligados à vigilância espacial e defesa planetária.
Esse tipo de repercussão evidencia o poder da desinformação e a facilidade com que o conteúdo científico pode ser reinterpretado fora de contexto. Quando dados técnicos são publicados em plataformas sociais sem a devida explicação, surgem lacunas que rapidamente são preenchidas por mitos, especulações e teorias sensacionalistas. O público, muitas vezes, confunde transparência científica com conspiração, e o debate perde sua base factual.
Ao mesmo tempo, o caso reforça a importância da divulgação científica responsável, que traduza termos técnicos e contextualize descobertas astronômicas sem apelar ao medo ou ao exagero. A informação precisa e verificável é a melhor forma de combater a avalanche de conteúdos virais que distorcem a realidade.
No fim, o 3I/ATLAS não representa uma ameaça — mas serve como um lembrete de que, em tempos de hiperconectividade, a forma como comunicamos a ciência é tão importante quanto o próprio avanço científico.

Eduardo Barros é editor-chefe do Tecmaker, Pós-Graduado em Cultura Maker e Mestre em Tecnologias Educacionais. Com experiência de mais de 10 anos no setor, sua análise foca em desmistificar inovações e fornecer avaliações técnicas e projetos práticos com base na credibilidade acadêmica.

























