Tecnologia e Educação

Tecnologias emergentes e disruptivas: Inovação e Estratégias

Tecnologias emergentes e disruptivas

O Contexto Estratégico das EDTs

Por que a OTAN Se Importa com as Tecnologias Emergentes e Disruptivas?

As tecnologias emergentes e disruptivas estão presentes cada vez mais em todos os aspectos da vida, desde dispositivos eletrônicos como celulares e computadores até tarefas rotineiras como compras e operações bancárias. Elas também têm impacto profundo na segurança. Tais inovações oferecem novas oportunidades às forças armadas da OTAN, tornando-as mais eficazes, resilientes, econômicas e sustentáveis, além de ajudarem a preencher lacunas imediatas de capacidades e alcançar metas militares. Entretanto, também representam riscos, criando novas ameaças tanto militares quanto civis, oriundas de atores estatais ou não estatais.

O Conceito Estratégico de 2022 da OTAN reconhece que as EDTs trazem tanto benefícios quanto desafios, transformando a natureza dos conflitos, ganhando importância estratégica e se tornando arenas centrais da competição global. Para lidar com isso, os Aliados concordaram em promover inovação, aumentar investimentos em EDTs e manter a interoperabilidade e a superioridade militar da OTAN. Essa cooperação inclui adoção e integração de novas tecnologias, envolvimento com o setor privado, proteção dos ecossistemas de inovação, definição de padrões e respeito a princípios democráticos e direitos humanos.

Políticas para Enfrentar Ameaças e Aproveitar Oportunidades

Para tirar proveito dessas inovações e, simultaneamente, neutralizar ameaças provenientes das EDTs, a OTAN trabalha junto aos Aliados no desenvolvimento de políticas responsáveis, inovadoras e ágeis. A Aliança está também ajudando os países membros a acelerar a adoção e a integração de novos produtos tecnológicos, intensificando parcerias com universidades e o setor privado. O objetivo é manter a vantagem tecnológica e a superioridade militar, contribuindo para a dissuasão e a defesa coletiva.

A Estratégia da OTAN para as EDTs

Foster and Protect: A Estratégia Coerente da OTAN

Em fevereiro de 2021, os Ministros da Defesa da OTAN aprovaram a estratégia “Fomentar e Proteger: Estratégia Coerente da OTAN para Tecnologias Emergentes e Disruptivas”. O documento define duas áreas centrais:

  • Estabelecer uma abordagem unificada para o desenvolvimento e adoção de tecnologias de uso dual, reforçando a vantagem tecnológica da Aliança;
  • Criar um fórum que permita aos Aliados se protegerem do uso hostil das EDTs e preservarem seus próprios ecossistemas de inovação contra interferências ou manipulações.

Áreas Tecnológicas Prioritárias

Atualmente, a OTAN foca suas atividades de inovação em nove áreas prioritárias:

  • Inteligência artificial (IA)
  • Sistemas autônomos
  • Tecnologias quânticas
  • Biotecnologia e tecnologias de aprimoramento humano
  • Espaço
  • Sistemas hipersônicos
  • Novos materiais e processos de fabricação
  • Energia e propulsão
  • Redes de comunicação de próxima geração

A Aliança está desenvolvendo planos específicos para cada área, com estratégias que permitem acelerar a inovação responsável e a adoção de novas tecnologias, sempre alinhadas aos valores democráticos, normas internacionais e leis.

O Papel dos Dados na Transformação Digital

Dados são essenciais para o funcionamento de todas as EDTs. A OTAN está fortalecendo suas capacidades de exploração de dados com políticas estruturadas e planos estratégicos. Além disso, desenvolveu uma Estratégia de Implementação para a Transformação Digital, alinhada ao chamado do Conceito Estratégico para digitalizar a Aliança de forma mais rápida e eficiente.

O Plano de Ação para Adoção Rápida

Objetivos do Plano

Na Cúpula da OTAN em Haia, em 2025, os Líderes Aliados aprovaram o Plano de Ação para Adoção Rápida, cujo objetivo é acelerar significativamente a velocidade com que novas tecnologias são incorporadas e integradas às forças armadas dos países membros, em até 24 meses. O plano estabelece metas comuns, melhores práticas e diretrizes para otimizar processos de adoção, destinar recursos e assumir riscos de forma coordenada, com o suporte da OTAN.

Resultados Esperados

O plano busca:

  • Agilizar os processos nacionais para aquisição e integração de novas tecnologias;
  • Testar tecnologias emergentes e reduzir riscos através de padrões de aprovação que gerem confiança;
  • Garantir que a indústria de defesa e os ecossistemas de inovação estejam alinhados às necessidades militares da Aliança.

Inovação na Prática: Como a OTAN Impulsiona a Inovação

DIANA: Defence Innovation Accelerator for the North Atlantic

Na Cúpula de Bruxelas em 2021, foi criada a Defence Innovation Accelerator for the North Atlantic (DIANA), com o objetivo de fomentar a cooperação transatlântica em tecnologias críticas, promover a interoperabilidade e aproveitar a inovação civil através de parcerias com universidades e o setor privado. Estabelecida em 2022, a DIANA trabalha com pesquisadores, start-ups e empresas consolidadas para desenvolver soluções inovadoras em defesa e segurança.

Funcionamento da DIANA

A DIANA lança desafios competitivos baseados em problemas críticos de defesa, convidando inovadores a apresentar tecnologias de uso dual. Os selecionados recebem subsídios não dilutivos, acesso a aceleradoras, centros de testes, redes de mentores e investidores confiáveis. Além disso, a DIANA cria caminhos para inserção dessas soluções tanto nos mercados internos da OTAN quanto nos países aliados.

O Fundo de Inovação da OTAN

Na mesma Cúpula de 2021, os líderes aliados criaram o Fundo de Inovação da OTAN, um fundo de capital de risco no valor de 1 bilhão de euros, destinado a investir em start-ups que desenvolvem tecnologias emergentes e disruptivas de uso dual.

Características do Fundo

  • Foco em empresas deep tech que enfrentam dificuldade de financiamento devido a longos prazos de maturação;
  • Horizonte de investimento de 15 anos, adequado para o ciclo prolongado das deep techs;
  • Objetivos estratégicos: resolver desafios de defesa, fortalecer ecossistemas de inovação e apoiar o sucesso comercial das start-ups investidas;
  • Primeiro fundo de capital de risco multissoberano do mundo, com 24 Aliados como investidores Limited Partners;
  • Sede em Amsterdã, com escritórios regionais em Londres e Varsóvia.

Conselho de Revisão de Dados e IA

O Conselho de Revisão de Dados e IA da OTAN é o órgão responsável por supervisionar o uso ético e responsável da inteligência artificial na Aliança. Suas funções incluem operacionalizar os princípios de IA responsável, criar padrões de certificação e apoiar os Aliados na adoção dessas práticas. O conselho é formado por representantes dos países membros, provenientes de governo, academia, setor privado ou sociedade civil.


Conselho de Inovação da OTAN

O Conselho de Inovação da OTAN, presidido pelo Vice-Secretário-Geral, reúne lideranças civis e militares de alto nível para discutir ideias externas, incentivar a adoção de boas práticas e promover mudanças que favoreçam a inovação na Aliança.


Comunidade Transatlântica de Tecnologia Quântica (TQC)

A Comunidade Transatlântica de Tecnologia Quântica (TQC) é um grupo informal onde os Aliados compartilham conhecimento, trocam informações técnicas e coordenam ações conjuntas para fortalecer seus ecossistemas quânticos. Não faz parte da estrutura formal da OTAN, mas funciona como fórum colaborativo para avançar as agendas nacionais de tecnologia quântica no contexto transatlântico.

Outros Órgãos de Inovação da OTAN

Além das iniciativas acima, outros órgãos participam ativamente das atividades de inovação tecnológica na OTAN, incluindo:

  • Comando Aliado de Transformação (ACT)
  • Comitê de Política Digital (DPC)
  • Conferência dos Diretores Nacionais de Armamentos (CNAD)
  • Organização de Ciência e Tecnologia (STO)
  • Programa Ciência para a Paz e Segurança (SPS)
  • Centro para Pesquisa e Experimentação Marítima (CMRE)
  • Agência de Comunicações e Informação da OTAN (NCIA)

A interação com parceiros públicos, privados, acadêmicos e da sociedade civil é essencial, pois muitas tecnologias militares têm origem no setor privado, especialmente em start-ups. O Conselho do Atlântico Norte já promoveu várias sessões dedicadas à tecnologia, aproximando líderes permanentes da OTAN de executivos responsáveis por avanços tecnológicos.

Roteiro de Cooperação em Inovação OTAN-Ucrânia

Objetivos da Cooperação

A capacidade da Ucrânia de integrar rapidamente tecnologias inovadoras à guerra tradicional é crucial para equilibrar as vantagens convencionais da Rússia. A crescente importância das EDTs amplia o potencial para intercâmbios tecnológicos benéficos entre OTAN e Ucrânia.

Linhas de Ação do Roteiro

O Roteiro de Cooperação em Inovação OTAN-Ucrânia define objetivos conjuntos e quatro áreas de trabalho:

  • Bases políticas para inovação;
  • Engajamento com ecossistemas de inovação;
  • Atividades piloto;
  • Lições aprendidas.

Visa atender tanto às necessidades imediatas quanto estabelecer cooperação de longo prazo, garantindo interoperabilidade entre OTAN e Ucrânia.

A Evolução das EDTs na OTAN

Principais Marcos

Desde sua fundação, a OTAN tem apoiado a inovação, mas a velocidade crescente das EDTs vem acelerando mudanças profundas na defesa e segurança. Alguns dos principais marcos incluem:

  • 2019 – Criação do Roteiro de Implementação para EDTs e reconhecimento do espaço como quinto domínio operacional;
  • 2020 – Lançamento da iniciativa OTAN 2030 e criação do primeiro Grupo Consultivo sobre EDTs;
  • 2021 – Aprovação da Estratégia de IA e início das estruturas para DIANA e o Fundo de Inovação da OTAN;
  • 2022 – Inclusão de novos materiais, manufatura, energia e propulsão como áreas prioritárias;
  • 2023 – Criação do Conselho de Revisão de Dados e IA e inclusão das redes de comunicação de próxima geração como área EDT;
  • 2024 – Revisão da Estratégia de IA da OTAN para incluir IA generativa e ferramentas de informação baseadas em IA, e início do Roteiro de Cooperação OTAN-Ucrânia;
  • 2025 – Lançamento do Plano de Ação para Adoção Rápida para acelerar a implementação de novas tecnologias e ampliar a capacidade dos ecossistemas de inovação aliados.

Com conteúdo de North Atlantic

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